O estado do Tocantins
posiciona-se em situação de vantagem em ações de sustentabilidade ao ser o
primeiro no país a formalizar um Acordo de Pagamento por Redução de Emissões
(ERPA). Embora o Brasil conte com dez programas jurisdicionais de REDD+
(Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal) abrangendo vastas
áreas da Amazônia e do Cerrado, Daniel Nepstad, diretor executivo e presidente
da Earth Innovation Institute, salienta que o "esforço gigante e
invisível" de implementação desses programas, que inclui extensas
consultas e o cumprimento de salvaguardas socioambientais, carece de maior
visibilidade. Para ampliar a relevância dessas iniciativas, sua inserção em
acordos comerciais estratégicos torna-se fundamental.
Daniel Nepstad defende a
valorização dos programas jurisdicionais de REDD+ no Brasil, destacando o
pioneirismo do Tocantins na assinatura de um ERPA. Ele aponta o grande esforço
envolvido nas consultas e salvaguardas e propõe integrar esses programas em
acordos comerciais com a China, que depende do Brasil para sua segurança
alimentar e busca alternativas ao rígido mercado europeu. "A China poderia
reconhecer o programa jurisdicional do Tocantins como uma solução sistêmica ao
desmatamento embutido na soja e na carne", afirma Nepstad.
Boi China
Um catalisador para essa
colaboração é o conceito de "Boi China", uma exigência chinesa para
importação de bovinos brasileiros com até 30 meses de idade, visando prevenir a
doença da “vaca louca”. Essa demanda alinha-se diretamente com os objetivos de
redução de emissões do Tocantins, pois animais mais jovens significam maior
produtividade e menor tempo de permanência no pasto.
Isso, por sua vez, reduz a área de pastagem necessária para a produção bovina do estado. O aumento das exportações de "Boi China" e a certificação de mais frigoríficos tocantinenses pelo governo chinês seriam altamente benéficos, liberando áreas para expansão de outras atividades produtivas, como a soja e a piscicultura, e aliviando a pressão sobre a vegetação nativa da Amazônia e do Cerrado tocantinenses. Com essa iniciativa, Nepstad propõe que importadores chineses comprem créditos de carbono dos estados brasileiros, como o Tocantins, como forma de financiar os programas de REDD+. (Da Ascom Semarh)
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