

O nome dele é Dhemis Augusto Santos, de 35 anos, o vigilante que morreu enquanto buscava o sustento e a dignidade, ele tombou diante da arrogância, da covardia, da sensação de que há uma parte de nós que pode tudo, enquanto a outra não pode nada.
Nos comentários pelas redes
sociais as pessoas aproveitam para se digladiarem buscando a culpa pelo
homicida, supostamente, pertencer a esta ou aquela sigla, mas, queiram ou não
meus irmãos, não é sobre o partido, a ideologia, esse tipo de gente sempre
esteve entre nós, ceifando vidas de inocentes, de outros tantos Dhemis, que
buscam apenas subsistir em um país tão desigual.
Já tivemos vigilantes,
moradores de rua queimados enquanto dormiam, por pessoas que diziam está
“apenas brincando”, já vimos aos montes ricos e famosos, se embriagarem e
usarem seus carros como armas letais, apenas por que se veem como parte de uma
sociedade para quem o sistema de justiça, segundo eles pensam, não os alcança.
Amanhã, as manchetes terão
outros assuntos, igualmente estarrecedores, mas, o tiro no abdômen continuará a
sangrar naqueles que continuarão buscando, ao menos entender, porque alguém sai
de casa, armado, para furtar de um vigilante, seus dias.
Não há como esquecer que quando
todos estiverem brindando o Natal, ou a chegada de um ano novo, os amigos e
familiares de Dhemis estarão sem saber se a justiça será feita, olhando para a
mesa e percebendo que ali falta um sorriso, um abraço, uma piada contada
repetidas vezes, e por outro lado, sobra tristeza, angústia e o desespero
diante da falta de respostas para esse absurdo.
Estranho pensar que Dhemis
Augusto morreu por ser um bom funcionário, sim, o crime aconteceu depois de uma
discussão sobre estacionamento irregular do homicida, que não gostou de ser
questionado em suas certeza absoluta, e como represália alvejou o abdômen de
quem só queria levar o sustento para casa.
O tiro matou não apenas um ser
humano, ele retirou de uma família uma fatia expressiva da felicidade e isso
não pode ser silenciado. Que a morte desse vigilante não seja esquecida e que
seu algoz encontre no desconforto de uma cela fria o desespero por saber que
seu crime não dormirá o sono da impunidade...
Marcos
André Silva Oliveira
Formado
em Letras.
Especialista
em Literaturas de Expressão Portuguesa: Portugal, Brasil e África.
Advogado
e Especialista em Processo Penal e Educação em Direitos Humanos.
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