

Está sendo velado em sua residência na Rua Guimarães Natal, no centro, o corpo da artesã Regina da Silva Guimarães, que faleceu nesta terça-feira, 16, de causas naturais. Ela era a moradora mais idosa de Pedro Afonso e muito conhecida na cidade.
O sepultamento será realizado ainda hoje, a partir das 16 horas, no cemitério local.
Trajetória marcante
Um dos símbolos culturais e artísticos de Pedro Afonso, da lendária Rua Anhanguera, Dona Regina completou 103 anos de idade no último dia 12 de novembro. Sua história ultrapassa fronteiras. Sempre teve como referência determinante na sua vida a força da mulher do campo, capaz de atingir limites inimagináveis no trabalho braçal para criar seus filhos.
Nascida em Alto Parnaíba (MA), em 1922, ela foi a terceira filha do casal Manoel Linhares, de quem ficou órfã ainda durante o período de sua gestação, e de Joana Lopes da Silva.
Aos 5 anos de idade, ela e suas irmãs Maria Silva, de 7 anos, e Maria de Lourdes Siqueira, de 9 anos, foram abandonadas e criadas pelo avô. Quando a irmã mais velha casou-se, ela foi morar com Lourdes por cerca de três anos.
Logo, sua irmã Maria Silva casou-se com Elesbão Dias Guimarães, e passou a residir na região de Itacajá (então distrito de Pedro Afonso na época). Assim, Regina passou a conviver com o casal.
Trabalho desde cedo
Da infância à adolescência, começou a construir seu caráter com o trabalho duro na roça. Dona Regina trabalhou em todos os serviços do campo, como plantação e colheita de arroz, feijão, milho e fumo. Ainda produziu açúcar mascavo e farinha.
Foi inclusive apicultora. Também armazenava toda a produção da fazenda e negociava o excedente. Além disso, atuou como vaqueira.
Laços familiares
A responsabilidade da jovem e destemida mulher aumentou em 1945, quando Regina foi viver seu amor em um casamento cinematográfico, em cima de uma serra, ao lado de Basílio Dias Guimarães. Permaneceram juntos até 1973, quando ele faleceu.
Da união duradoura, tiveram oito filhos: Raimunda (in memoriam), Maria Aparecida, Maria de Jesus, Maria do Espírito Santo, Nilo, Maria da Penha, Rosa e Wilson. Eles lhe deram de presente 28 netos, 40 bisnetos e um tataraneto.
Dona Regina mudou-se para Pedro Afonso em 1975 e começou a desempenhar a função de lavadeira e passadeira de roupas durante anos, para criar os oito filhos.
Para aumentar a renda familiar, cultivava a arte de fazer labirinto, profissão centenária que aprendeu com a mãe ainda criança no Maranhão. A técnica do artesanato com linho permite a confecção de uma variedade de gravuras, com grande preferência pela criação de folhas e flores.
A prática do labirinto fez de Dona Regina uma das artesãs mais marcantes e apreciadas da comunidade, que sempre admira seus trabalhos criativos em diferentes eventos culturais.
Para a filha Maria da Penha e demais irmãos, Dona Regina é o exemplo de mulher que deu aos filhos dignidade, respeito e amor incondicional — uma vida bem vivida.
Para a sociedade de Pedro Afonso, fica o agradecimento pela vida dessa ilustre senhora, símbolo da nossa cultura.
Livro

Em 2025, a trajetória de Dona Regina Guimarães foi uma das retratadas no livro Memória Viva: Nossa Gente, Nossa História de autoria do jornalista e editor-chefe do Centro-Norte Notícias.
Feliz, a homenageada fez questão de participar do evento de lançamento da obra literária.

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